Variedades Era uma Vez em… Hollywood

Era uma Vez em… Hollywood

18/11/2022 - 11h00

Em meados de 1967, um criminoso estadunidense conhecido como Charles Manson aterrorizou Hollywood.  Ele formou e liderou uma seita que atuava na Califórnia, conhecida como a Família Manson. Seus seguidores cometeram uma série de nove assassinatos em quatro locais em julho e agosto de 1969. O massacre ficou conhecido como o crime que “escandalizou Hollywood”. Entre os mortos estava a atriz Sharon Tate, esposa do diretor, roteirista e produtor, Roman Polanski (O Bebê de Rosemary, Lua de Fel, O Pianista), que estava grávida.

Charles Manson sonhava em ser músico, e alegava que foi influenciado de maneira transcendental pelo clássico “Álbum Branco”, dos Beatles, especialmente pela faixa Helter Skelter, mas isso é outro papo.

Em Era uma Vez em… Hollywood, filme de 2019, do diretor Quentin Tarantino (Pulp Fiction: Tempo de Violência, Bastardos Inglórios, Django, Kill Bill), não temos uma biografia de Charles Manson e tampouco o longa se aprofunda na seita ou nos detalhes dos assassinatos, mas usa essa história como pano de fundo e considero fundamental que o espectador conheça os fatos para tornar a experiencia do filme mais emocionante e por incrível que pareça, até mesmo cômica.

O filme narra a história de Rick Dalton (Leonardo DiCaprio). Um ator famoso e frustrado na casa dos 30, buscando por papeis que possam destacar suas habilidades como ator dramático. Sempre acompanhado por seu dublê e faz tudo Cliff Booth (Brad Pitt).

Talvez esse seja o filme do Tarantino que menos se aproxime de um filme do Tarantino e exatamente por isso me agrada muito. Não que eu não goste da sua obra, pelo contrário, sou fan, mas esse afastamento sem ir longe demais trás um certo ineditismo e revigora sua obra. 

A fotografia, figurino e diálogos, como sempre são espetaculares. Algumas cenas são completamente soltas e não contribuem para o enredo, mas sem isso não seria um filme do Tarantino. Os personagens são bem construídos e estão em cena para além da mera exibição. A exemplo do personagem principal interpretado por DiCaprio que contrasta o galã dos faroestes e filmes de ação, com um ator sensível e inseguro que não sabe ao certos que papeis escolher ao conduzir sua carreira.


O personagem interpretado por Pitt é meu favorito. Bonito demais para ser dublê, pouco talento para ser ator, ele aparenta ser o cara mais gente boa e leal que existe. Porém seu passado o condena. E protagoniza uma das cenas mais icônicas do cinema, tirando um sarro dos filmes de artes marciais.

Margot Robbie dá um ar angelical a Sharon Tate. Trás uma doçura ingênua e ao mesmo tempo sensual, criando no espectador uma ansiedade e apreensão pelo que está por vir (lembre-se dos fatos).

Era uma Vez em… Hollywood é uma declaração de amor aberta de Tarantino pela indústria do cinema. É divertido, melancólico, dramático e engraçado. Está no meu no top 3 dos filmes do diretor. São quase 3 horas de pura diversão que passam voando (já assisti 3 vezes).

Direção, roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie
Ano: 2019    Duração: 160 min
Onde ver: Netflix

NOTA DO DINO CARDOSO = 5 DE 5