Política “Será que quem deva renunciar não seja ele? Não sou covarde, não vou renunciar”, vereador Jorge Ghiraldo em resposta ao presidente da Câmara de Araranguá

“Será que quem deva renunciar não seja ele? Não sou covarde, não vou renunciar”, vereador Jorge Ghiraldo em resposta ao presidente da Câmara de Araranguá

23/10/2025 - 09h35

Em entrevista ao apresentador Saulo Machado, da Rádio Araranguá, o vereador Jorge Ghiraldo voltou a se posicionar contra o que considera um excesso de homenagens realizadas na Câmara de Vereadores de Araranguá. O parlamentar também respondeu às declarações do presidente do Legislativo, Pedro Paulo de Souza (Paulinho), durante a última sessão, quando foi chamado de “demagogo”.

“É hora de mudança. Regimento muda-se, desde que exista vontade, e não há vontade pelo que vejo. Não vou atacar o presidente Paulinho, até porque somos amigos. Na última sessão, fui ofendido por ele. Acho que ele não sabe o que é a palavra demagogo e demagogia. Talvez alguém tenha enviado uma mensagem para ele na hora para me chamar de demagogo, quem sabe para me deixar queimado e fazer eu renunciar. Ontem coloquei no grupo da Câmara que, se tem gente querendo que eu renuncie, não vou renunciar, não sou covarde. Se quiserem me cassar, que me cassem. Eu falo a verdade olhando no olho das pessoas. O Paulinho não sabe o que é uma pessoa demagoga. Demagogo é aquele que se esconde atrás de uma Bíblia dizendo que é um santo e não é”, destacou.

O vereador também rebateu o presidente diretamente, afirmando que a mudança na forma de condução das sessões é necessária. “Será que quem deva renunciar, não seja o próprio Paulinho? Até porque ele é quem está há mais tempo. Eu que quero mudança, estou há dez meses, e tenho que renunciar? Não acho esse o caminho. Será que todos os comentários de quem ficou ao meu lado estão errados? Não, eles estão certos”, afirmou.

Ghiraldo enfatizou que não é contra as homenagens, mas sim contra o uso político e o excesso de cerimônias que, segundo ele, têm tirado o foco dos debates de interesse público. “Não desrespeito os homenageados. Até porque recentemente homenageei o Colégio Murialdo. Levei a instituição na Câmara e homenageei ela. Agora, fazer o que estão fazendo, de levar uma pessoa lá para dar homenagem e ganhar vantagem política por isso, não concordo. O problema é o excesso de homenagem. Teve um dia que levaram uma pessoa que eu já havia prendido para receber homenagem”, contou.

O vereador ainda relatou que o acúmulo de homenagens acaba prejudicando discussões mais relevantes para o município. “Sou delegado de polícia e tive uma última semana bastante estressante, onde estávamos de campana para pegar um líder de facção criminosa. Daí chego para ler a pauta da sessão, pensando: quem sabe vamos discutir um assunto interessante. Mas não, é só homenagem. O problema maior é a rasgação de seda que todos querem falar. Eu fico me remoendo com isso. Coisa pública se defende em público. Debate se faz em público”, concluiu.

A declaração do vereador ocorre dias após uma sessão marcada por debates acalorados entre os parlamentares, quando o presidente Paulinho afirmou que, caso Ghiraldo se sentisse desconfortável com o cargo, “apresentasse um requerimento renunciando ao mandato”.