Geral “Fui para o seminário para deixar um prato de comida para meu irmão”, diz Minotto ao lembrar da vida difícil

“Fui para o seminário para deixar um prato de comida para meu irmão”, diz Minotto ao lembrar da vida difícil

09/04/2025 - 13h06

Uma história marcada pela superação e amor à família. O convidado desta terça-feira, dia 08, do programa 95.5 Entrevista foi o corretor de imóveis Vunivaldo Minotto.

Natural de Criciúma, ele vem de uma família humilde, composta por muitos irmãos e que no começo passaram por inúmeras dificuldades.

“Eu venho de uma família de italianos, composta por dez irmãos. Tivemos uma educação exemplar. Fomos criados com muita dificuldade no bairro São Roque, em Criciúma. Muito cedo saímos para trabalhar e ajudar a sustentar a casa”.

Aos 9 anos de idade Minotto, com o consentimento dos seus pais, foi estudar no seminário Rogacionista, para se tornar padre e lá ficou por três anos. O motivo maior, de acordo com ele, era facilitar a vida da família.  

“Eu fui para o seminário, talvez não com muita vocação, mas para deixar um prato de comida para outro meu irmão que era mais novo. Nossa formação foi bem complicada, mas eu agradeço meus pais pela educação que nos deram. Todos os meus irmãos, graças a Deus, têm hoje sua casa e seu carro. Eu não posso reclamar da minha vocação. Eu sou feliz, muito, muito feliz. Eu tenho dois amores da minha vida que são meus filhos e tenho 4 netos que são a minha paixão. A minha família é a minha razão de viver e de existir. Quando estive no seminário foi uma educação fantástica. Tínhamos horário para levantar, arrumávamos a cama, íamos para o refeitório e depois estudar. Depois do almoço, todo o seminarista tinha que trabalhar, pois o seminário tinha uma terra muito grande e nós plantávamos. Mas, como eu disse antes, foi uma educação diferenciada”, relembra.

Minotto também recorda das datas festivas e a dificuldade dos pais, que hoje ele compreende bem.

“Depois que eu cresci é que eu entendi porque meus pais não nos davam presentes. Os meus primos ganhavam presentes e nós não. Fomos entender que nossos pais eram realmente muito pobres, mal tínhamos para poder comer. Compreendi minha mãe também, tadinha. Ela deixava nós para jantar e saia. Isso, pois, tinha dois ovos apenas e era repartido por quatro irmãos e ela saia sem comer nada. Cada filho deveria ter uma estátua da mãe na frente da casa”.

Minotto fala com muito carinho da cidade que escolheu como seu porto seguro. Aos 20 anos de idade, recebeu uma proposta para jogar no UCA, União Clube Cidade Alta, de Araranguá, onde ficou por duas temporadas.

“Faz 24 anos que eu estou em Araranguá. Essa cidade é muito aconchegante. Eu joguei aqui em 1974 no UCA. Foram falar com meus pais em Criciúma e eles disseram que eu só viria se fosse para morar em casa de família. Então eu tive a graça de vir e morar por dois anos com o seu Gregório de Bem e a dona Bida. Eles tinham os filhos da minha idade, então foram dois anos maravilhosos. Fui embora por recebe a proposta da carbonífera e era um bom salário. Nós tínhamos uma vida de jogador. Folgávamos na segunda, pegava das 6h às 12h na mina e à tarde a gente treinava. Foram oito anos de futebol. Aos 28 anos de idade recebi uma posposta do Próspera. Nos primeiros três meses eu estava indo muito bem. Mas como eu não tinha feito base em juniores e o corpo sentiu. Eu tive uma distensão na coxa e o médico mandou eu parar de jogar futebol”.

Nosso convidado já teve que superar muitos altos e baixos na vida, mas a pior fase foi o falecimento da esposa.

“A Minha esposa pegou a Covid no dia 2 de junho de 2020. Quando deu sete dias minha esposa levantou enjoada. Ela não queria se alimentar. No início ela não quis ir para o hospital. Quando ela aceitou, foi medicada e voltou para casa. Depois voltou a piorar. Não quis comer novamente. Eu dei banho nela, arrumei a roupa dela e fomos para o hospital. Ela foi internada. Passadas algumas horas, o médico me chamou e disse: ‘ela já está com o pulmão do lado direito literalmente tomado e o do lado esquerdo 35% comprometido. O quadro dela é irreversível’”.

Isolamento

“A partir daquele dia a gente se falava apenas por telefone. Todos os dias eu ligava. Liguei um certo dia e ela me disse: ‘amor, eu não volto mais. E te amo muito’. Ainda me disse que em um determinado local tinha dinheiro para o crematório dela. Ela faleceu 21 dias após ser internada. Eu fiquei no carro das 4h até as 6h chorando”.

Minotto chora muito ao lembrar quando reencontrou a mulher já sem vida.

“Uma mulher que andava sempre muito bem arrumada, vaidosa, estava em um saco plástico fechado com um reco”.

Confira essa história de superação e amor: