
“Eu faço questão de virar a cara, porque ele é um traidor”, vereador Luciano Pires sobre presidente da Câmara de Araranguá
O clima entre vereadores e o presidente da Câmara de Araranguá continua tenso. Na manhã dessa sexta-feira, 25, os parlamentares Diego Pires, Luciano Pires e Nelson Soares falaram sobre a negativa para duas resoluções parlamentares. A primeira iria liberar verba para uma viagem dos integrantes do projeto Câmara Jovem a Florianópolis para visitarem a Assembleia legislativa. Já o outro tinha como finalidade o prêmio aluno destaque em Araranguá.
Durante entrevista ao jornalista Saulo Machado, o vereador Nelson Soares explicou os motivos para a votação contra os projetos. “O projeto do Câmara Jovem, que eu acho que criou a maior polêmica, porque envolve os jovens e eu entendo a decepção dos meninos; das crianças, criou neles essa expectativa de ir a Florianópolis, mas se a gente olhar a lei que aprovou o projeto, lá não está prevista essa viagem. E antes que prometessem para as crianças, deveriam ter conversado com os vereadores, para que a gente deliberasse se seria razoável ou não”
Nelson ainda falou de uma liberação de verba que já havia sido aprovada para o projeto Câmara Jovem. “Superando essa questão se era razoável levar as 12 crianças que estão ali, se a câmara tem estrutura para levar 12 crianças com segurança para Florianópolis, há uma questão; que já foi aprovado para o Câmara Jovem R$ 15 mil. Nós aprovamos uma vez R$ 8 mil e depois aprovamos R$ 7 mil. São R$ 15 mil para fazer sete sessões. Eu acho que, se a gente, sendo bem razoável, e a gente tem que cuidar do dinheiro público, e esse é o foco principal pelo qual foi rejeitado, R$ 15 mil para fazer sete sessões do Câmara Jovem é bastante dinheiro. E essa que foi reprovada, que é a resolução da semana passada, eram mais R$ 10 mil. Bom, para que eram os R$ 10 mil. Para a formatura e para essa viagem a Florianópolis. Aí veio pra gente o planejamento de gastos. No planejamento de gastos com esses outros R$ 10 mil, vem van para Florianópolis, R$ 2.500. Para levar 12 crianças a Florianópolis, achamos um pouquinho absurdo. Fomos cotar e essa mesma van, aqui em Araranguá, custa R$ 1.280, então alguma coisa está errada. No mesmo planejamento que veio para a gente, veio uma previsão de gastos de R$ 3.150 para pagar transporte dos alunos, R$ 450 vezes sete, ou seja, foi gasto para cada sessão, uma van, R$ 450 para carregar um aluno. Poderia ter sido buscado com o carro da câmara, pago um Uber, R$ 20, R$ 30, e o presidente gastou R$ 3.150. Então, a gente deu um basta no presidente. Dizendo: ‘presidente, tá gastando mal o dinheiro público. O sr geriu mal o dinheiro público’. Por isso que a população tem que entender que não é contra os alunos, e muito dói pra gente que é vereador levar nas costas esse carimbo de que os vereadores são contra a educação, os vereadores são contra os alunos. Não somos. Só que nós somos lá (câmara) fiscais do dinheiro público”.
O vereador Nelson ainda falou dos passos, após a gestão de Jair Anastácio na Câmara de vereadores de Araranguá. “Tudo parece que é uma questão da mesa. O que nós vamos fazer? Vamos deixar o Jair terminar a gestão dele, e aí sim vamos fazer as investigações e se tiver improbidade, se tiver problema de gestão, vamos levar aos órgãos competentes. Nós não levantamos essa lebre antes para não ficar parecendo que nós estamos levantando uma situação que é com foco na mesa diretora (eleição). Estou levantando suspeita. O grupo está levantando suspeita”.
O vereador Diego Pires também justificou porque a verba para a viagem dos integrantes do Câmara Jovem não foi aprovada. “Primeiro que o presidente tem que entender, que no cargo de presidente, ele tem que ser democrático. Ele fala tanto que é democrático e primeiro ele chama os pais, pega assinaturas dos pais para viagem e depois nos comunica os custos. Ele não conversou com nenhum vereador antes. Aí depois que chamou os pais, fez toda aquela média, daí colocou o projeto em votação. Eu estou à disposição para explicações. Sendo que já foi aprovado R$ 15 mil e a gente já tem toda a estrutura da câmara. É microfone é imagens, nossos servidores concursados fazem a pauta; tudo pronto. O custo desses R$ 15 mil o que seria: um coquetel pós sessão, que também é algo que estamos achando de um valor exorbitante. Então ainda sobrou dinheiro para contratar van. Chega a ser ridículo tu pagar R$ 450 para buscar um aluno em casa, com o carro da câmara estando na garagem. Por esse motivo que não aprovamos novamente (viagem a Florianópolis). Já tínhamos dado a carta branca no primeiro momento, com esse R$ 15 mil. Depois ele (presidente) vai lá, pega a assinatura dos pais e joga nós no fogo. Ele tem que entender que lá (câmara) não é cartório que só chega, carimba e manda de volta. Tem que respeitar os vereadores. Por isso que a gente votou contrário”.
Já Luciano Pires reclamou que o presidente da câmara, Jair Anastácio, faltou com a palavra, e fez duras críticas. “Eu vim hoje aqui para realmente rebater uma fala do nosso presidente. Eu queria deixar bem claro, e o presidente já falou algumas vezes na imprensa sobre isso, e eu nunca tinha falado na imprensa, mas eu vim aqui me manifestar. Nós temos um acordo para 4 anos, no qual o presidente disse para mim que estava com dificuldade de cumprir. Enquanto nosso presidente diz que fez acordo para dois anos, ele falta com a verdade. Ele falta com a verdade, pois quem propôs esse acordo foi Sandro Maciel (ex-prefeito de Araranguá). E o que acontece? Ele (presidente da câmara) descumpriu o acordo com a gente. Quando o partido dele se entregou para o governo, ele se afastou da gente. Nós nos reunimos na sala do presidente, quando o presidente era o Diego, e convidamos todos os oito vereadores, sem a presença do vereador Samuca, ainda, para registrar a chapa. Ele (Jair Anastácio) foi contra registrar essa chapa. E disse o seguinte para mim e para o vereador Diego: ‘Eu não posso registrar a chapa agora, mas vocês podem tomar o encaminhamento que nós estamos juntos’. Tomamos o encaminhamento e convidamos o Samuca. Ontem ele teve a infelicidade de falar aqui nesse microfone comparando a situação do vereador Samuca com a dele. O vereador Samuca não tinha acordo nenhum com ninguém, quando ele resolveu vir para o nosso grupo registrar uma chapa. Agora ele falar que tem gente virando a cara pra ele. Eu faço questão de virar a cara. Porque ele é um traidor. Isso que ele é. Foi isso que ele fez comigo. Comigo e com todo o grupo. No dia dessa reunião ele falou o seguinte: ‘aconteça o que acontecer, eu vou votar em ti’. Depois nos reunimos algumas vezes para falar sobre um ‘zum zum zum’ que não seria cumprido o acordo. Todas as vezes que eu fui conversar com ele, eu fiz questão de levar uma testemunha. Ele falou novamente que estava com muita dificuldade em cumprir o acordo e me pediu uns dias. Nesse meio tempo ele estava tentando construir a câmara do outro lado. Tentando construir a mesa diretora do outro lado? Está achando o que? Que eu fui desmamado com garapa. Ele falta com a verdade”, conclui o vereador Luciano Pires.
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